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Do Lixo ao Luxo, conheça o projeto da jovem de Atibaia que troca bitucas de cigarro por cortes de cabelos e outros serviços
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Ana Claudia de Souza Borges, é barbeira itinerante e catadora de latinhas. Projeto já retirou das ruas de Atibaia mais de 30 mil bitucas de cigarro.

Imagine a cena: Uma jovem que trabalha em uma barbearia aproveita os intervalos entre um corte de cabelo e outro para recolher bitucas de cigarro jogadas pelas ruas do centro da cidade.

Ela não vai ganhar nada com isso, porque o material não tem valor para reciclagem, sua motivação é apenas uma consciência ecológica apurada de saber que o planeta precisa de cuidados e que aquela pequena bituca levará anos para se decompor se alguém não descartá-la da maneira correta.

A tal jovem é Ana Claudia de Souza Borges, 25 anos, conhecida pelos amigos como “Cacau”.

Foi assim que começou o projeto “Do Lixo ao Luxo”, Ana teve a ideia de oferecer um corte de cabelo em troca de uma garrafa de 500ml cheia de bitucas, e assim incentivar as pessoas a cuidarem melhor do meio ambiente.

Hoje o projeto envolve mais de 20 pessoas e oferece outros serviços estéticos como tatuagens, massagens relaxantes e depilação, além de outros variados como corridas de mototáxi, terapia e sessão de fotos.

Ana Claudia até hoje fala sem medo que, além da profissão como barbeira, é “catadora de latinhas”, mesmo reconhecendo que a sociedade ainda olha com preconceito para aqueles que retiram seu sustento da reciclagem.

O mesmo preconceito nos faz imaginar que ser “catador de recicláveis” é sinônimo de pouca formação ou de uma cultura limitada.

Por isso o exemplo de Ana é fundamental para quebrar paradigmas.

Com gosto eclético capaz de apreciar desde música clássica até rock e funk, a jovem tem ouvido ultimamente bastante música nacional, Elza Soares, Belchior e Cássia Eller.

Estudante de francês desde 2016, gosta de Milan Kundera e Aldous Huxley, citando “A Insustentável Leveza do Ser” e “Admirável Mundo Novo” como alguns de seus livros prediletos.

Quando falamos de cinema, além dos famosos Tarantino e David Fincher (Clube da Luta), Ana cita algumas pérolas do cinema nacional como Bacurau e Central do Brasil, não se esquecendo do Cinema francês de “Le magasin de suicides” e “La Belle Verte”.

Neste ano, inscreveu sob o pseudônimo de Ana Beauregard o filme “O Beijo da Morte” para os festivais de nanometragem.(assista o vídeo aqui)

Com mais de 30 mil bitucas já recolhidas, o projeto ainda pretende realizar uma intervenção na cidade com a colaboração da artista Julia Vacarelli.

O Portal Atibaia News entrevistou Ana Claudia que falou um pouco mais sobre como teve início o projeto “Do Lixo ao Luxo”.

Como você aprendeu sua atual profissão?

Você é especializada em cortes de cabelo masculino e barbearia ou também faz cortes femininos?

Eu fiz curso pelo centro de capacitação em 2016 e aprendi com o meu irmão trabalhando na barbearia dele.

Sou especializada em cortes com máquina, mas atendo todas as pessoas. Independente do tamanho do cabelo.

Como surgiu a ideia de aliar reciclagem com o corte de cabelo?

Tudo começou em setembro de 2019.

Eu trabalhava no centro da cidade e nos dias que não tinha tanto movimento, eu saia pra recolher as bitucas da rua e as colocava em uma garrafa que eu achava na rua mesmo. E depois descartava no lixo.

Aí eu percebi que eu podia envolver outras pessoas se eu oferecesse um corte em troca de uma garrafa de 500/600ml cheia de bitucas.

Quando falamos em reciclagem, logo imaginamos papel, latinhas, vidros e metais...

Por que bitucas de cigarro?

Eu sou catadora de latinhas, então eu sei como cada um desses materiais que você cita acima tem valor comercial, mas a bituca não.

E por ser um lixo tóxico, afeta os peixes e as aves que confundem com alimento, as plantas e nós mesmo.

Desde a lei antifumo, não existem tantas soluções para esse problema e os próprios fumantes não fazem o descarte correto.

As bitucas estão sendo ressignificadas através desse projeto.

Então você já trabalhou também com reciclagem?

Gostaria de compartilhar alguma experiência dessa época?

Desde pequena eu sei que latinha dá dinheiro, mas o momento mais marcante pra mim na reciclagem foi em 2018.

Eu atuei em um filme que ficou em 3° lugar no Festival Brasileiro de Nanometragem.

O filme ia ser exibido na França e eu estudo francês desde 2016 e queria muito poder prestigiar nosso filme.

Como eu não tinha um trabalho fixo, minha família não podia me ajudar e não tinha nenhuma lei na cidade que pudesse me amparar financeiramente pra comprar ao menos a passagem aérea, eu precisei vender minhas roupas, vender gelinhos, esfirras...

Um antigo restaurante da cidade, separa as latinhas e eles me doaram.

Deu cerca de 281,00 reais que me ajudou bastante.

Desde então, sempre que eu vejo uma latinha eu já pego.

Você acha que pessoas que trabalham com a reciclagem ainda sofrem preconceito ou o assunto hoje é visto de forma mais consciente?

Eu acredito que ainda tem preconceito.

Porque o Brasil produz muito lixo, recicla pouco e quem faz esse trabalho mais pesado, são os catadores.

E as pessoas em casa, muitas vezes não fazem a separação do lixo, sendo que poderia ajudar no sustento de várias famílias se contribuísse minimamente, sabe?

Você acha que os jovens hoje precisam de mais oportunidades para se inserir no mercado de trabalho?

Eu acredito que precisa sim. Muitas empresas querem contratas pessoas com experiência, mas quem tá procurando o primeiro emprego fica como?

Nos últimos anos, apareceram programas de capacitação e isso é ótimo, mas precisa abranger mais os cursos e de certa forma garantir que a pessoa vai conseguir trabalhar depois disso.

O que funciona muito é o QI (quem indica)

Por outro lado, você não acha que existe certo comodismo de alguns jovens que acabam por reclamar e não correr atrás de oportunidades?

E eu não acho que os jovens estão acomodados. Tem muito preconceito também, sabe?

Como a pessoa se veste, quantas tatuagens ou piercings ela tem, como ela corta o cabelo e quanto de gíria ela fala... os jovens da periferia sentem mais o impacto desse "padrão" imposto, no meu ponto de vista.

Quando foi que você desenvolveu essa consciência ambiental?

Reconhecer que o lixo causa danos tão sérios ao meio ambiente e fazer algo a respeito?

Eu aprendi a cuidar de mim primeiro, não foi fácil.

Mas é minha morada.

Então, fui observando e vendo que eu não tô sozinha, que o mundo é meu e também não é..

Cuidar do meio ambiente é um dever de todas as pessoas. Se tudo mundo fizer sua parte, ninguém se sobrecarrega. E se ninguém fizer nada, o capitalismo vai destruir o planeta.

O lixo não é só um problema de caráter ambiental, mas também de saúde e qualidade de vida.

Então eu sei que com esse projeto, todo mundo pode ajudar e usamos algo descartado como moeda de troca.

Se me permite fazer uma pergunta também: Por que que a reciclagem é no Caetetuba e não no Flamboyant?

Hoje quantas pessoas integram o projeto “Lixo ao Luxo” ?

Quais serviços estão disponíveis?

Eu comecei a postar no meu Instagram sobre as trocas por corte de cabelo e aí foram aparecendo outras pessoas a fim de somar, fazendo o que elas gostam.

Estamos em 20 pessoas até a data de hoje.

Os serviços são:

Cortes de cabelo; 1 garrafa de 500/600ml cheia de bitucas

- Print personalizado; 1 garrafa de 500/600ml cheia de bitucas

- Tatuagens; 2 garrafas de 2L cheias de bitucas

- Pinturas; de 2 garrafas pequenas até 2 garrafas de 2L cheias de bitucas (depende da pessoa que faz a arte)

- Auriculoterapia; 1 garrafa de 500/600ml cheia de bitucas

- Sessão de fotos; 2 garrafas de 2L cheias de bitucas

- Tranças; 2 garrafas de 2L cheia de bitucas

- Limpeza de pele; 1 garrafa de 2L cheia de bitucas

- Cesta com até 10 produtos orgânicos; 2 garrafas de 2L cheias de bitucas

- Terapia (Plantão Psicológico em 4 sessões) ; 3 garrafas cheias de bitucas

- Depilação; 1 garrafa de 2L cheia de bitucas.

- Corrida de moto taxi; 1 garrafa de 500/600ml cheia de bitucas (somente em Atibaia)

- Massagem relaxante; 2 garrafas de 2L cheias de bitucas

Para onde irão as bitucas recolhidas?

Como surgiu a possibilidade de uma colaboração com a artista Giulia Vacarelli?

A ideia é transformar em arte.

E fazer intervenções pra mostrar pra população o que estamos fazendo, por isso a quantidade é importante.

Afinal, quase ninguém da moral pra uma bituca mas pra 30k ou 1M já faz mais barulho.

A Giulia Vaccareli entrou em contato comigo porque ela conhece o projeto faz um tempo e propôs de fazer uma escultura.

Então, vamos trabalhar em uma exposição com escultura e fotografia pra sensibilizar as pessoas e mostras novas possibilidades.

Outras pessoas podem apoiar o projeto?

De que forma?

Sim, todas as pessoas podem ajudar.

Seja oferecendo seu trabalho de forma voluntária, seja recolhendo as bitucas das ruas ou até mesmo divulgando nosso conteúdo digital.

Conheça o projeto através do Instagram

Contato: (11) 9.5868-0800

Colaborou, Karina Iliescu https://www.instagram.com/luminailiescu/?igshid=v78nnjp3769k

Fotos:Arquivo pessoal
FONTE: Atibaia News (portalatibaianews.com.br)

   
       
 
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